Fotógrafo Pedro Zorzall

—Você é fotogénica(o)?

—Sim! As pessoas sempre dizem que fico muito bem na foto. Eu gravei alguns videos de aula de fotografia e sem problema com fotogenia.

—Como se iniciou na indústria da fotografia?

—Minha história se inicia aos 15 anos quando entrei para um estúdio no setor de serviço geral e com 6 meses eu já era um dos fotógrafos principais. Isto aconteceu no ES. Mudei para Minas Gerais para fazer curso superior e como sempre fotografei no estilo foto jornalismo, entrei no casamento sem perceber, devido ao meu estilo passei a ser chamado constantemente para fotografar, pois, sou espontâneo e historiador em evento de matrimônio.

—Em sua opinião, quais são os componentes mais importantes para uma boa fotografia?

—Luz e sombra – equipamento – principalmente lente com boa luminosidade. Prezo por bons equipamentos e estudo luz permanentemente para compreendê-la melhor.
Outro fator que não abro mão e utilizar as teorias de Fibonacci.
Mas o que mais valorizo realmente na foto de casamento é o Equilíbrio.

—Gosta de viajar?

—É minha paixão! Sempre procuro ir para lugares em que nunca fui, principalmente cidades do interior.
Amo sair da cidade e fotografar em lugares mais distantes e ir sempre aprendendo sobre a vida, em cada lugar.

—O que mais gosta na sua profissão?

—Estar com pessoas e, principalmente, sempre fazendo novas amizades.

—O que menos gosta na sua profissão?

—O externo em minha profissão nunca me estressa, pode existir momentos que fico chateado, mas é momentâneo, não saberia enumerar algo que menos gosto, amo muito o que faço.

—Qual será o futuro da fotografia?

—Complexo, estamos em faze de decadência devido a desvalorização da profissão e vivemos uma falsa crença universal "em que qualquer pessoa fotografa bem". O número de fotógrafos e parentes fotografos que surgem a cada dia sem valorizar o que fazem assusta.
Sou otimista e ao fazer uma retrospectiva da história vejo que em alguns anos a fotografia de casamento será mais valorizada, as pessoas estão conhecendo e aprendendo mais sobre ela, os quais, na medida que aprendem são mais exigentes para com o registro do casamento. Creio que haverá uma elevação e valorização do produto.

—O que há de especial para si, no género de fotografia em que se especializou?

—Contar a história passo a passo para que no futuro, o casal possa rever o momento sem pular capítulos do dia tão sonhado.

—Como lida com as críticas?

—Normal. Procuro sempre evoluir e corrigir, sou muito ético e jamais entro em confronto com o interlocutor. Paro e ouço. Normalmente procuro reverter a situação com trabalho.

—Existem tendências na fotografia?

—Sim! Existem muitas. Felizmente várias tendências cumprem seu tempo e desapareceram. minha preocupação é nunca fotografar no modismo, pois, a moda permanece, mas o modismo passa e depois fica como uma marca de uma época, muitos não se identificam com isso.

—Quais deveriam ser os critérios considerados pelo cliente na escolha de um fotógrafo?

—Identificação com o trabalho e empatia com o profissional.
É necessário um Portfólio honesto, bonito e convincente.
O vendedor (fotografo), deve ser simpático, honesto e estar pronto para registrar os sonhos e fantasias do casal.

—O que não é permitido de todo ao fotografar?

—Invadir o espaço do casal e familiares, cada família tem seu sistema de crença e sua ética, entender cada grupo e respeita-lo é necessário.
O fotografo nunca deve ultrapassar o limite.

—Que detalhes passam habitualmente despercebidos mas nos quais um fotógrafo repara?

—São inúmeras: Detalhes, reflexos, luzes, antecipação da cena, etc...

—O que influencia o valor da foto? Quais são os seus elementos?

—Estar no lugar certo, no momento certo.
Fotografias que causam impacto e desejo de telas.
Imagens que registram a verdade, quando são observadas, o observador passa e se identifica com o momento registrado.

—Na sua opinião, que pessoa poderá ser o símbolo do século XXI?

—Tem vários que merecem este título, prefiro não opinar.

—O quem pretende fotografar?

—União de Homo Afetivos.
Fotografar mais casamentos no interior do Brasil.

—Tem tabus profissionais?

—Não! Sempre é bom mudar, sair da zona de conforto e aprender com cada momento de evolução.

—Com quem gostaria de fotografar?

—Com vários fotógrafos brasileiros. Admiro muitos. Creio ser muito gratificante fotografar com alguns e partilhar conhecimento.

—Com que se preocupa e porquê?

—Com a aposentadoria, um fotógrafo se encontra atrás das lentes, aposentar é não poder enxergar a luz, ou ver a alma das pessoas.

—Qual foi o momento mais impressionante na sua vida?

—Foi aos meus 16 anos. Quando fiz meu primeiro casamento sozinho, sem assistente ou outro profissional para me apoiar. O fotógrafo principal não foi ao casamento e tive que substitui-lo. Fotografei e de imediato recebi o cargo de principal fotografo da empresa, fiquei sem dormir, "de felicidade ou de medo".

—Que personagem animada, literária ou de um filme gostaria de ser? Porquê?

—AANG – Avatar a Lenda de Aang. É um personagem que identifico muito, por sua simpatia e preocupação com o outro. Luta por justiça e equilíbrio de todas as Nações.

—Quem o inspira na sua vida e porquê?

—A minha inspiração é a busca pelo novo. Sou eclético, sempre valorizo o que estou vendo e dentro desta busca nunca nomeei alguém para me inspirar porque aprecio o trabalho de cada um com muito respeito e aprendizado.

—Como define o sucesso? Como o afere?

—Acredito que o sucesso não é possuir riqueza, abundância material e uma gorda conta bancaria, isso nem sempre deixa as pessoas felizes.
O sucesso é a realização de um projeto que causa no outro uma satisfação de poder usufruir e sentir-se feliz com o que a pessoa de sucesso apresenta e conquista. É uma realização em conjunto.

—Gostaria mais de ser amado ou respeitado?

—É nato do ser humano o desejo de ser amado e respeitado.

—Qual foi o maior erro que já cometeu a nível profissional?

—Não me divulgar, acreditar que as pessoas podiam me encontrar e me quererem como profissional de seu evento por si só (por milagre ou por talento me mantive no mercado por muitos anos assim), sempre deixei que os outros falassem por mim.
Até tomar consciência e me divulgar passaram alguns bons anos de minha carreira e com isso nunca apresentei um trabalho autoral e nem produzi minha tão sonha exposição.

—Quando vai viajar, o que leva consigo e porquê?

—Quando saio de férias ou viagem curta levo uma câmara compacta ultra zoom porque desejo descansar. As vezes nem levo câmara.

—Está arrependido de ter adquirido algum dos gadgets que possui? Porquê?

—Não! Nunca podemos nos arrepender de nada. Sempre temos que tirar algo de aprendizado.

—Como aprende a tirar fotos melhores?

—Meditando, assistindo filmes e seriados.

—Que trabalho mais o influenciou como fotógrafo?

— O que mais me influenciou foi conhecer as obras de johannes vermeer e Caravagio

—Qual é a coisa que mais gostaria de ter sabido quando começou a fotografar?

—O domínio da luz, foi um sacrifício gastei muito (dinheiro), por não ter um professor, minhas buscas foram no cinema, observando fotos e experimentando, totalmente autodidata.

—O que pretende transmitir com as suas fotos?

—Verdade.

—O que o motiva a continuar a fotografar?

—O encanto e a felicidade das pessoas ao receberem um trabalho executado por mim

—Os seus pais deveriam ter sido mais ou menos rigorosos?

—Não sei, sai de casa com dez anos e fui conquistar sonhos, era amado por eles e os amava muito. me permitiram buscar meu sonho tão cedo e a vida não permitia estarem ao meu lado fisicamente.

—Se pudesse regredir no tempo, o que faria de diferente?

—Nada. Sou assim por ter passado tudo que passei, até mesmo situações ruins, erros cometidos e etc. E me sinto feliz de como tudo é hoje!

—O que pensa da vida nos outros planetas?

—Não estamos só. Há planetas mais evoluídos, planetas em evolução outros ainda nascendo e provavelmente alguns morrendo, a vida é um fluxo, estamos em constante evolução e mudança.

—Quem são os seus heróis?

—De verdade! Os brasileiros que lutam todos os dias em busca de um dia melhor do que o ontem, aquele que acredita, passa dia inteiro, de sol a sol, trabalhando em serviço braçal para dar educação e cultura aos seus filhos.

—A quem é que não respeita?

—O corrupto.

—O que faz nos seus tempos livres?

—Estudo, artesanato, móveis para a casa, cozinho, tomo um chimarrão ou um vinho.

—Qual é o seu lado que o público nunca vê?

—O estresse, a irritação.

—Quando é que fica completamente satisfeito com o seu trabalho?

—Quando, do outro lado da rua vejo um casal sair do estúdio sorrindo e trocando beijos por estarem com um álbum debaixo do braço que superou suas expectativas.

—Acredita nos papéis tradicionais reservados ao homem e à mulher?

—Não! Somos evolução permanente, o que hoje é proibido ou definido a um sexo, amanhã pode ser o que há de moderno. O tradicional morre apesar de vivermos como nossos pais.

—Faz amigos com facilidade?

—Sim! Muita facilidade.

—Onde gostaria de viver?

—Em algum lugar tranquilo.

—Qual foi a coisa mais estúpida que concordou em fazer?

—Quando criança? Matar passarinho.
Sem pensar? Fotografar para uma perícia, tive que segurar o vômito (não tinha mascara, era na cara limpa mesmo e o corpo passava de oito dias).
Na adolescência? Não aceitar o convite de ir para o Rio de Janeiro para ser fotografo aéreo na aeronáutica quando tinha 17 anos. (acreditava não ter competência)

—Existe vida depois do casamento?

—Sim! Vi um mágico fazer a seguinte pergunta "você é feliz ou é casado".
Eu faria e faço a seguinte pergunta: VOCÊ É FELIZ OU SOLTEIRO.
Alguém compreende realmente o que é o amor, quem compreende sabe muito bem que existe vida e a vida a dois é melhor que a vida a um. Tem conflito? Lógico! Para quem é normal e equilibrado.

—Tem uma anedota favorita? Conte-nos.

—Fui piadista por um bom tempo, cansei.
Mas sempre tem aquela pra falar na hora, não é?! ;)

—Gosta de cães e gatos?

—Gosto, com certeza! A companhia de animais sempre nos fazem mais amáveis e felizes. São nossos melhores amigos, não tem como negar.

—A quem ou o que odeia?

—Ninguém, aprendi a amar o outro muito cedo.

—A melhor coisa na vida é:

—Silenciar a mente e sentir o fluxo.

—A coisa mais irritante na vida é:

—Se preocupar com o externo, tudo te incomoda, quando deixamos o externo e voltamos para o nosso interior sem cobrança, só observando não existe irritação.

—Existe algo em seu redor que gostaria de mudar?

—Muitas coisas. Sempre há o que melhorar.

—O que gostaria de mudar em si próprio?

—Minha atenção e cuidado para com o outro.

—O que gostaria de mudar no mundo?

—Gostaria de poder levar ao mundo o silêncio interior para que todos tomassem suas decisões por si só, sem interferência do externo.

—Pode dar algumas dicas para fotógrafos principiantes?

—Respeite as tradições e a cultura do outro.
Respeite o sonho de alguém, mesmo que pareça brega.
Evite interferir nas cenas.
Guarde o ego consigo e valorize o cliente, mesmo que seja chato.

—Caso os alienígenas viessem para a Terra, e fosse a primeira pessoa a encontrá-los, o que lhes diria?

—Primeiro observaria.
Que tipo de alienígena você se refere?

—Se fosse chamado para fazer um filme, que género escolheria?

—Assisto filme observando a fotografia, muitas das vezes não me ligo ao roteiro, assisto todos os gêneros. Há filmes que percebo que são bons e assisto de novo para apreciar a história e elevar a alma, porém a fotografia vem em primeiro lugar.
Técnica que utilizei na adolescência para me tornar o melhor fotografo da cidade, já que não existia professores de fotografia no interior.
Não escolheria o gênero e sim a fotografia.

—Amanhã eu vou fazer...

—Continuar amando a profissão. E sempre levando a história de cada um que fotografo para sempre!